sexta-feira, 16 de março de 2012

AS IGREJAS DOS OUTROS

Escrever com isenção sobre a nossa religião já é difícil. Escrever sem preconceitos e ironias sobre as igrejas dos outros é ainda mais difícil. Feridos pelas pregações dos outros contra nós, por exageros e mentiras que vemos e ouvimos, a tendência de quem escreve sobre religião é a de ressaltar a própria e diminuir as dos outros.Poderíamos até exaltar nossa igreja, desde que não diminuíssemos as outras. Não é o que acontece em muitas mídias.
Mas é consolador saber que hoje há livros que abordam com isenção e conhecimento de causa os dogmas e as histórias das religiões e, no cristianismo, das igrejas cristãs, em diminuir nem ofender. Os autores ressaltam sua fé, sem diminuir a dos outros. Mostram apenas, sem acentuar com estudada malícia as diferenças.
Talvez estejamos amadurecendo. Ao apontar as sombras que há na nossa igreja e na dos outros sem perder o respeito e ao acentuar as luzes de cada igreja prestaremos um enorme serviço à teologia, à antropologia e à sociologia. Muitos conflitos que a História registra nasceram dos excessivos acentos da fé, em detrimento da verdade.
Escrevi, por dezesseis anos, uma trilogia da fé católica. Respondi com acento forte às acusações fortes que nos fazem alguns irmãos. No terceiro volume que, desejo, seja uma síntese estou levando 12 anos. O receio de cometer injustiça contra irmãos de outra fé enquanto defendo a nossa me fez três vezes recuar da publicação.
Finalmente julguei ter chegado à fórmula: eu me defendo, mas não ofendo. Espero que, após a leitura deste livro, meus inúmeros irmãos que foram embora do catolicismo e os que nasceram em outras expressões de fé cristã se sintam amados, ainda que discordemos.
Pelo sim, pelo não, eis o fruto de meus esforços…

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